uma mulher com M

M de mami. M de mulher. M de maravilhosa. M de mãe. faz anos hoje. nasceu em 1949. no ano em que egas moniz ganha o prémio nobel da medicina. ano da criação da nato. ano em que a união soviética testa a sua primeira bomba atómica. ano dos primeiros emmys. viveu a adolescência durante os loucos anos 60. e sobreviveu à primeira metade psicadélica de 70 e à segunda metade disco também. um feito em si. na metade psicadélica de 70 nasci eu. não sei o que quererá dizer. mas ainda bem que aconteceu. veio da argentina para portugal para os estados unidos e de volta a portugal. viveu numa ilha. ia de lancha para a escola. estudou. formou-se. trabalhou. sonhou. lutou. sobreviveu. venceu. do pai herdou a bondade infindável e o gosto por uma boa gargalhada. da mãe herdou a sapiência e coolness típica de uma matriarca. dela herdei o bom senso, a garra, a resiliência e a capacidade de amar e sonhar. dela herdei o gosto pela fotografia. dela recebi a minha primeira máquina. uma velhinha yashica que ainda guardo. com ela aprendi a admirar a força das mulheres. a igualdade de género e tudo o que isso representa. com ela aprendi a gostar de beatles, anne murray, abba, the carpenters e julio iglesias. bem, este último nem por isso. comigo ela aprendeu a gostar de whitesnake e mais recentemente avett brothers. [by the way, ainda não te consegui passar para toque no telemóvel]. só não aprendi a engolir comprimidos. ainda hoje dissolvo os ben-u-rons na água. é uma grande amiga. uma grande mãe. uma grande avó. é uma grande mulher. ou melhor, uma mulher com M. parabéns pelos teus anos de vida e pelos que partilhaste comigo. e sei que as minhas irmãs sentem o mesmo.